sábado, 23 de agosto de 2008

Poesia ecologica

Durante 30 dias(entre 2003 e 2004), desci o rio São Francisco , e desta experiencia saiu o texto abaixo.Ele relata um pouco desta experiencia.Infelizmente,alguns políticos mal intencionados, continuam a levar adiante a idéia da transposição.Com este texto abaixo apresento minha posição:

"Eu nunca vi a neve...

Mas daqui vejo a barranca do são Chico, vi Pirapora, vi Ibiaí, vi histórias, estórias, contos e causos.

Se achegue moço, moça, minino.Vou lhe contar um tantin.Se é gente direita se assente e ouça...

Vi o rio, vi a chuva e a cachoeira que insiste na água fria, que gela a alma, queima a pele e revitaliza.

Vi a mata virgem, o espinho, o pequi e a derrubada para virar carvão e alimentar a indústria que teima em sujar o rio.

Vi o barco, o cavalo, o carro, a moto e o caminhão.E já ia me esquecendo do ônibus que leva todo o povo pra todo o lado.Leva compra, leva gente, leva a tristeza e a alegria.Leva 3 horas pra andar 100 km.

Vi o barco frágil de tabua que traz o peixe, alimenta o povo e une o pescador.

Vi pesca de rede, pesca de anzol, pesca de tarrafa, de rodada e espinhel.

Vi a missa, o futebol na praia.

Vi o forró rasga as sandaia.

Vi Sassá, marinheiro aposentado que ama o vapor Benjamin Guimarães que teima em não se importar com isso.

Vi seu Madruga, nascido Emanuel na Bahia, 60 e lá vai anos, marinheiro, pescador, pedreiro e mister da terceira idade, que toma óleo de capivara para prevenir derrame e curar tosse de criança.

Vi Marião, que nasceu pra dar risada, já foi pai, avô e hoje tem roça na ilha e é marido de Madalena,que teima em cuidar dos pés de acerola que dão frutos o ano inteiro.Juntos são o casal pescador como muitos por aqui.

Vi Fernanda, menina moça cheia de sonho que já viu o mar e vai ser enfermeira.

E vi seu Aurélio (nascido Aureliano Pereira Lima),10 filhos,80 anos, comprador de peixe, músico que lê partitura, torcedor do Atlético, boa gente que me disse:

"Aqui no Ibiaí, tem terra das melhores, bom clima, um bom rio e gente trabalhadora.A única coisa que faltou foi sorte..."

Georges Bourdoukan Junior, que apóia a revitalização, a transparência no processo, os estudos REAIS de impacto e a árdua e nobre luta de Dom Cappio pelo rio "

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